domingo, 21 de novembro de 2021

Sobre a espartanização da sociedade brasileira ou sobre como o facismo neomiliciano se impõe com a militarização de escolinhas

Por Vinicioz Bórba
https://www.facebook.com/sensacinemx/videos/1098798453957196/
Cabulosa a montagem por trás do tal 300. Cinemão brabo no Croma Key. Mas tem uma outra faceta bem triste que é a consequência simbólica de certas produções. Sabemos, pra quem estudou Atenas e Esparta na escola, que Esparta era a face guerreira mais brutal da parada. Atenas, com sua deusa Mulher, ligada ao amor, as artes, e especialmente à Política, de onde deriva inclusive a expressão cunhada pela primeira vez da DEMOCRACIA, apesar de sabermos que em Atenas daquela antiga Ágora só votavam e eram votados os considerados cidadãos, ou seja, homens, guerreiros, com posses. Escravos, mulheres e etc normalmente não tinham voto.. qualquer semelhança com a atualidade é mera coincidência. Mas obviamente avançamos por demais. Porém, trago aqui a reflexão sobre a tal Esparta. Em Esparta, desde os setes anos de idade, os meninos já eram separados, inclusive do ninho da mãe. Ou se tornariam guerreiros, e só numa fase posterior se tornariam donos de terras e assim políticos, podendo alçar cardos nos conselhos da cidade e conselho ancião, para legislar. Pessoas com deficiência ou consideradas fracas eram  jogadas do penhasco de Taigeto. 

A arte e demais ciências como a filosofia era ignoradas pra que um homem não deixasse das funções militarescas e as mulheres cumprisse sua função de reprodutoras. Qual a característica que define uma sociedade completamente militarizada??? O medo.
Visivelmente, a exigência de.ordem, a padronização de pessoas, essa busca de foco na proteção e etc, podem parecer atraentes num filme de guerreiros romantizados. Mas na vida real e em pleno século 21, vermos a militarização de escolas de nossos e nossas meninas dá exatamente a visão de uma tentativa dos neofascistas de selecionar e potencializar sob uma linha específica de orientação de PMs, que com todo respeito aos companheiros, mas são muitas vezes cidadãos desumanizados em treinamentos que visivelmente lavam cabeças de forma a reduzir o filtro pra atos de violência, e chegam depois pra tratar esses meninos e meninas numa lógica altamente competitiva e agressiva, de autoritarismo, e posso apostar que não são lá escolas voltadas a processos democráticos de escolha de direção, processos artísticos, e lógicas emancipadores do ser humano. São dessa lógica de formação de "cidadãos fortes",  ou seja, altamente competitivos entre si (o capetalismo selvagem adora isso!) e valores específicos do conservadorismo que fortalece uma alienação. "A mas os meninos estão melhores..blabla". Os meninos estão com mais medo. Criou-se uma lógica repressiva pra jovens e crianças periféricas. E, naturalmente, pra muitos deles e delas criou-se um espaço de firmeza que país sozinhos trabalhando e tendo de relegar a criação de seus filhos nessa periferias para criar os filhos dos ricos lá nos centros, acabava delegando à rua esse processo de criação de seus filhos. Mas não se resolveu a questão do salário digno daqueles pais para terem o tempo com seus e suas filhas, ou dinheiro para pagarem baba ou escola melhor em integral prós e pras meninas. Não, não. Apenas criou-se uma escola que seleciona uma parte destes e destas meninas, expulsa os e as que tenham algum ímpeto de resistência ou que seja mais libertário ou inconformado com essa forma, e faz daquele grupo um pólo de irradiação de conservadorismo como o que hoje vemos, com essa potencialização do Bolsonarismo e desse neofacismo que de forma brutal tem se imposto na aceitação geral da lógica do medo, e na militarização da nossa sociedade pra venda de armas e mais violência como meio de vida.

É o que se preconiza numa sociedade guerreira como os EUA. É o que hoje se reproduz aqui com o Balanço Geral, Cidade Alerta e todos esses infernos transmitidos não pra educar a sociedade sobre como se.prroteger contra isso ou aquilo, mas pra manter uma vibração coletiva de ódio aos pobres e medo constante que justifique ações irracionais e instintivas de.muita gente, na busca de uma proteção qualquer perante o risco eminente na vida. Se você está o tempo todo com medo, digamos, num "filme de terror", você prefere um mocinho ou até um monstro como seus gestor pra lhe defender. E estamos aí, simbólicamente, com um fascista miliciano na gestão maior do país, com políticas atrasadíssimas, porque nem sequer uma política séria esse cara consegue fazer avançar. 

Tá pesado. Armamentismo, exaltação dos símbolos nacionais com ufanismo e militarismo, repressão das artes (cortando tudo quanto há de financiamentos.. pode ver) e perseguição e morte de lideranças comunitárias, indígenas, pretas periféricas e até parlamentares, como até hoje temos plena desconfiança de quem.mandou matar Marielle, mas não dá pra afirmar porque ninguém teve coragem de fazer a investigação e encerrar lá no Rio (polícia de milicianos..vai vendo).. militarização de escolas é só a cereja do bolo nesse novo projeto fascista de sociedade. Abaixo a espartanização da nossa sociedade brasileira. Fora Bolsonaro