quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Vinicius Borba participa da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara recitando "Não Me Representa"

Numa performance forte Vinicius Borba questiona a representatividade do Congresso Nacional dentro da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
FORA CUNHA EM POESIA NA CDHM DA CÂMARA_POETA VINICIUS BORBA

[FORA DA ORDEM NA CÂMARA DOS DEPUTADOS: NÃO ME REPRESENTA]Vinicius Borba recitou o poema "Não me representa" pedindo na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados pelo FORA CUNHA. Vinicius lembrou da confusão manipulada pela mídia e pelas elites brasileiras e do exterior após as manifestações de junho, que culminaram com a eleição do Congresso Nacional mais reacionário desde a ditadura militar no Brasil. Espalhe essa mensagem, reflita e compartilhe nos seus grupos!

Posted by Vinicius Borba on Quinta, 10 de dezembro de 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

AGENDA LANÇAMENTOS FORA DA ORDEM_POESIAS DE VINICIUS BORBA

AGENDA LANÇAMENTOS FORA DA ORDEM_POESIAS DE VINICIUS BORBA

 Serviço


 Lançamento do livro Fora da Ordem, poesia de Vinicius Borba

 Agenda de Lançamentos

 Distrito Federal (Entrada Franca)

15/11 – DOM - 16h30 – III Pipocando Poesia – CCBB – Brasília
 
17/11 – TER -  20h00 -  SarauVA – Espaço Cultural Leão de Judá -  Ceilândia N– P-Norte                        EQNP 9/13   (Frente a Feira do P-Norte)

19/11 – QUI - 20h00 – Poesia de Quinta – Espaço Natural, Qd. 104 - São Sebastião DF

20/11 -  SEX – 20h00 - Libertad – Consciência Negra – Casa Frida , Bairro do Bosque, S.S.

21/11 – SAB – 15h00 – Sarau da Consciência Negra - Coletivo Inove – Centro Ed. 01 de                          São Sebastião  (Centrão)

11/12 -  SEX - 19h00 - Sarau na Barbearia Cultural - Guará

12/12 -  SAB -20h00  - Sarau da Tribo - Autêntico Bar - CSA 02 Lote 20 Loja 02
             Taguatinga Sul, BRasília – DF

 São Paulo

23/11 - SEG - [SP] - Encontro municipal de Religião de Matriz Africana

 24/11 - TER - [SP] Sarau da Cooperifa – 20h - Bar do Zé Batidão (Zona Sul)

 25/11 - QUA - [SP] Sarau Samba Original - 20h - Associação Zumaluma, Rua Cerqueira Cesar,                703 (Jd. Santa Teresa) - Embu das Artes - SP

 28/11 - SAB - [SP] Sarau Preto no Branco – 20h - Bloco do Beco – Jardim Ibirapuera (Zona Sul)
 
 29/11 - DOM - [SP] Participação no XVII Encontro Regional de Teatro Amador de Campinas -                 Campinas
 
Goiás

 Dezembro ( Em fase de produção)
 
 Rio Grande do Sul

20/01/16 - Fórum Social Mundial – Porto Alegre 

 Vinicius Borba

 Assessoria de imprensa/ Produção Cultural/ Mestre de Cerimônias
 viniciusbae85@gmail.com
 (61) 3339 0782/ 8551 1075

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Vinicius Borba lança o livro de poesias Fora da Ordem


Debatendo direitos humanos, direitos dos manos -- como define o poeta -- e a realidade das periferias do DF e do Brasil será lançado o primeiro livreto poético hipertextual de Vinícius Borba, o Fora da Ordem. O autor, que realiza saraus há 12 anos pelo Coletivo Radicais Livres S/A em São Sebastião e outras comunidades do DF, chega agora discutindo os extremos das atualidades, a situação do Congresso Nacional e seus retrocessos, refugiados e as violações de direitos em curso. O lançamento inicial ocorre no Centro Cultural do Banco do Brasil pelo Projeto Pipocando Poesia, no próximo dia 15, e tem uma agenda de espetáculos marcados em outros eventos na comunidade do autor e cidades do DF, além de agendas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

Foto: Ana Rabelo_Coletivo Palavra
Dentre as poesias do livro, textos como “Não me representa” (http://bit.ly/1MCktzO) marcam a ácida crítica política ao atual cenário do país, lembrando as conseqüências eleitorais dos usos dados aos atos das Jornadas de Junho, que agitaram o Brasil. Noutras como no poema “Pois sou poeta” (http://bit.ly/1PqA9vc), Vinicius relaciona espiritualidade e profecias apocalípticas com o fato de ter tido filhas em tal época, brincando com sua realidade e com os receios que pairam sobre a humanidade nesses tempos. Escreve também sobre a realidade de São Sebastião, comunidade onde vive e constrói sua trajetória, mesclando o amor a sua cidade e denúncia das agruras da violência contra a juventude de uma das comunidades ainda aturdidas pela guerra de gangues.


“Procurei debater do meu ponto de vista essa história toda, esse processo de lutas e aflições pelas quais temos vivido e passado, sem muitas vezes refletir sobre o dia a dia e nossas histórias humanas para além da politicagem. Discuti também temas como a Juventude, na qual muita gente deposita confiança para a renovação de um planeta em crise, mas que nem sempre está preparada para enfrentar tais desafios sem o risco de se corromper”, afirma o poeta. Para ele, estar “Fora da Ordem” hoje é buscar práticas, valores sustentáveis e uma nova consciência em todos os aspectos, mas especialmente no trato uns para com os outros, combatendo preconceitos e lutando por direitos.

Para Vinicius, que viveu as lutas populares dos últimos 13 anos do DF, desde o Movimento do Passe Livre, passando pelo coletivo Radicais Livres S/A com o qual realizou mais de 300 saraus pelas periferias do DF e em São Sebastião até as Jornadas de Junho, o momento é importante para reflexão e debate sobre os valores humanos. A dignidade da vida é o motivo pelo qual abordou temáticas de direitos humanos. “Como morador de perifa e jornalista atuei nestas áreas, assim como assessor e militante em direitos humanos. Acho que o mundo pode sim viver com mais amor. Mas terá ainda que aprender a dar controle a suas violências e ganâncias para chegarmos lá”, acredita.

Um dos textos trata de sua história de amor com a professora, contadora de história  e musa, Francineia Alves, no texto Sarau Enamorados (http://bit.ly/1MCkDaq). Num tom cômico ele comenta como encontrou a esposa em três saraus seguidos até o desfecho com sua “Dulcineia”.
Carlione Maria Ramos_ilustrações
 Fora da Ordem

Lançamentos nacionais
Os lançamentos ocorrem a partir do III Pipocando Poesia no CCBB, dia 15 e seguem com vários espetáculos e intervenções nas satélites do DF e saraus das comunidades. No dia 22 de novembro inicia lançamentos em São Paulo, até o dia 30, rodando alguns municípios do interior e principais saraus da periferia da capital, além de lançamentos em Goiás em dezembro e no Rio Grande do Sul, terra natal do autor no Fórum Social Mundial, em janeiro.

Hipertextualidade
Além de impresso o livro será lançado também para download gratuito pela internet, em versão hipertextual, na dinâmica da Arte de Interface, como definido pelo Coletivo Palavra, com o qual o poeta também atuou. Vários links de reportagens, vídeos, músicas e outras influências do autor serão ali dispostas para debate e ampliação de sentido dos poemas. (A partir do dia 15 no link ( http://issuu.com/viniciusborba0 ).

Ilustrações
As ilustrações são de Carlione Maria Ramos, artista plástica mineira radicada no DF, especialmente em São Sebastião. A artista iniciou sua produção em artes visuais com materiais reciclados do lixo, e hoje cursa design e artes visuais na Universidade de Brasília (UnB), com belíssimas obras como os ensaios em grafite que ilustram o livro Fora da Ordem.

Ficha técnica
Fora da Ordem - Poesias e diagramação: Vinicius Borba; Ilustração: Carlione Ramos; Capa: George Gregory - 1ª ed. - São Sebastião - Brasília (DF): Ed. do Autor, 2015. 36 p.; 21x14 cm.
1. Poesia. 2. Literatura Divergente. 3. Resistência rimada.


Acompanhe pelas páginas 
http://issuu.com/viniciusborba0 (Versão hipertextual para download)
www.viniciusborbablogspot.com
Facebook.com/PoetaViniciusBorba


Serviço
Lançamento do livro Fora da Ordem, poesia de Vinicius Borba
Ilustras Fora da ordem_Carlione
Maria Ramos
Agenda de Lançamentos

Distrito Federal (Entrada Franca)
·      15/11 – DOM - 16h30 – III Pipocando Poesia – CCBB – Brasília
·      17/11 – TER -  20h00 -  SarauVA – Espaço Cultural Leão de Judá -  Ceilândia N– P-Norte EQNP 9/13 (Frente a Feira do P-Norte)
·      19/11 – QUI - 20h00 – Poesia de Quinta – Espaço Natural, Qd. 104 - São Sebastião DF
·      20/11 -  SEX – 20h00 - Libertad – Consciência Negra – Casa Frida , Bairro do Bosque, S.S.
·      21/11 – SAB – 15h00 – Sarau da Consciência Negra - Coletivo Inove – Centro Ed. 01 de São Sebastião (Centrão)

São Paulo
24/11 – TER- [SP] Sarau da Cooperifa – 20h - Bar do Zé Batidão (Zona Sul)
28/11 – SAB- [SP] Sarau Preto no Branco – 20h - Bloco do Beco – Jardim Ibirapuera (Zona Sul)

Goiás
Dezembro ( A confirmar, em fase de produção)

Rio Grande do Sul

20/01/16 - Fórum Social Mundial – Porto Alegre 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sarau Enamorados, do livro Fora da Ordem

Carlione Maria Ramos
Por Vinicius Borba

 A vejo... no sopé da porta.
 E penso se peço beijo,
 Não peço, não posso.
 Beijo não se pede, se rouba!

A vejo... num Sarau Alternativo.
E penso se tento a sorte?
Mas olho... Tem macho à roda.
E meço palmo a palmo a largura dos ossos...
Pois vai que o tal corno se incomode.. Hum!
Minha vida? O pouco que me resta?
Sempre tive o tal medo da morte
E mais vale um covarde vivo,
Que o herói presunto besta, no pacote.

A vejo, num Sarau da Tribo.
Até que o mosca véio... quase não varejeira...
Quase não varejeirava!
Mas tava todo no prumo,
As tranças trançadas, no rumo,
Daquela que então me bicava:

E zóia eu. E zóia ela...
E um tal de não sei qual foi
que inventei de ir na mesa mais perto da dela,
E soltar uma piscadela
Para ver se não tinha jeito.

Pra quê!??

Pois começa então
Aquele tal de forró,
Bom de agarrar e não mais ficar só.
Que fui me desavexar..
Pois já tava só o pó,
Mas não tinha a cara de chegar.

Tumei três quatro goro,
Foi que então eu me enfezei:
-- Agora eu chego nessa mulher!
E a ela me projetei.
E a cada passo que eu dava...
O intestino soprava (...)
E o frio me arrefecia.
A menos de um metro e meio do “rela bucho” do amor...
Sentei na cadeira outra vez.

O zóin dela chega entristece.
Pois não é que num só passe,
sua pele se enrubece
Enchendo de indignação
Me pega pela mão
 Puxa para ralar... E disse:
--Bora dançar, Cabra frouxo!
Eu disse: -- Arrocha!
Bote a mexer os cachos
Que é hoje que eu tiro o atraso!

Pra quê?!

Pois foi no Riacho Fundo II,
Que fui confirmar minha sina.
Duas semanas depois lá estava,
Tão linda, tão bela, Dulcineia!
Num frevo dos cumpade comum,
Que abonam a nossa história.

E desde então é assim,
No susto do início,
Na certeza do agora,
Um sentimento que cresce no peito
E neste frenesi
Dos acontecimentos
é que a gente Se enrosca,
se ama, se namora.

E dou gritos a desvairada patuleia:
--Moças de meu passado próximo!..
Convivas da esbórnia e boemia.
A primeira dama... já está de posse!
Dulcineia, Dulcineia, Dulcineia!
E que venham os moinhos de Cervantes!

Pois sou poeta, do livro Fora da Ordem

Arte capa: George Gregory
Por Vinicius Borba

Pois sou poeta rapaz,
Nunca que ninguém lhe disse?
Poeta de rua, poeta da noite,
Da favela, da taverna
contra o açoite, de tantos outros como eu

E em tempos de fim de mundo
Apocalipses pré-colombianos
Antes de entrar em paranoias
Fiz foi trazer duas joias
Pra poder logo com tudo

Trouxe foi duas meninas ao mundo
Enquanto covardes diziam:
-- Olha a crise! Olha a bolsa?!
Lá estava eu fazendo menino, sem medo da calvície
Pois sou poeta rapaz, nunca que ninguém lhe disse?

Que se tem coisa melhor
Que trazer menino ao mundo
Nunca que vi, nem to pra essas mesmices

E trouxe logo foi duas gatinhas,
Que foi pra passar a régua
Manu e Milena, meus dois melhores poemas

Se algo de fato me assusta? Para com o futuro de minhas crias??
Hum, vejamos...
Pode a bíblia estar certa...?
Não!
Podem os Maias estar certos??
Não, não, não.
Pode o InriCristo estar certo?
Nããããoooo!

Tudo que sei é que,
Se tenho algum medo por minhas crias
Por minha prole querida
É que o mundo não mude
É que jornalistas não furem seus chefes e edições
Que professores não amem suas profissões
Que nós da favela nos matemos,
antes de enfrentar os patrões

Que cada poeta em seus corações
Se neguem a gritar seus versos
Se neguem a riscar verdades cruas
Que junto ao povo não invadam as ruas
E tomem a unha o que lhe é de Direito
Por que liberdade conquistada
É o único caminho
Pra quem tem espírito de luta
E se com papel e pena
Fazemos nossa labuta
Então que se grite
E pras novas gerações registre e ensine
O peso de nosso fardo, missão, sacerdócio, calvície
Pois sou poeta rapaz! Nunca que ninguém lhe disse

Não me representa, poema do livro Fora da Ordem

Por Vinicius Borba, no livro Fora da Ordem

Não me representa foi o grito
Das ruas de martírios
Sob fogo, bombas, tiros
Una voz a ecoar

Na difícil unidade
Tantas gentes, multidão
Manipulada por maldade
Promoveu a confusão

Elegeu fruto do medo
Um Congresso reação
O mais mais desde os milico
Muito menos representativo

Vou dizer o que eu sinto
O que não me representa
Vou lembrar porque gritei
Em junho de nosso alerta

Não me representa o pastor que guia lobos
Que se diz fiel em Cristo
Endemoniza o inimigo
Mantendo conta na Suiça
Abraçado em traficante
manda expulsar mãe de santo
Lavando dinheiro do dízimo
Manipulando a boa fé,
rasgando o Livro
E destruindo o que restou da política
Não me representa
o coronel falso moralista
Que deixou alta patente
Por ter grupo de extermínio
Por assassinar minha gente
Pelos becos e vielas
Diz que bandido bom,
é bandido morto
Mas quando defende
a indústria da guerra
Que lhe paga palanque e verbas
Nunca fala das seqüelas
Nunca paga o tanto de velas
Acesas por becos e vielas
Pra velar seus concidadãos
Mais de 50 mil irmãos,
todos os anos
Genocídios comandados
Por seus gabinetes Comandos

Não me representa
o gabinete do Doutor
Que aliena minha saúde
Que depois corta
meu plano de morte
Sem pensar em nossa dor
Que precariza o público hospital
E perdoa a baita multa
das empresas no final

Não me representa o sonegador
Que exige Estado Mínimo
E que se fodam
os direitos dignos
Terceirizam,
precarizam o trabalhador
Desde que seu lucro
esteja sempre garantido

Não me representa
o coronel de gravatas
Que deixa as fazendas e vacas
Pra pregar que sua produção salva vidas
Mas por trás
forma milícias
Para matar índio inocente
Persegue como cães os parentes
Pra exportar nossas feridas

Não me representa
esse ódio raivoso
Contra as lutas populares
Que há anos promovem justiça
Por direitos basilares
Renegam as nossas conquistas
Acusam de terroristas
Por termos um ideal
Reclama que paga imposto
Enquanto trabalhador  rói o osso
De seu luxo capital


Não me representa
o jornalista valente
Que ao povo diz que defende
E ao som de gritos fortes
De teatro em frente à câmera
e alguns fricotes
Promover o ódio pretende
Prega alto o olho por olho
E com todo mundo caolho
Exige dente por dente

Essa tal plutocracia
Está mais para inferno astral
Mas já sei o que tem que acabar
Que os liga
e destrói toda gente
É o financiamento empresarial
É o investimento eleitoral
Que compra até o presidente
É pensar que empresa vota
Como se fosse consciente

Empresa que doa
só pensa lucro
Mas pra quem quer
mudar isso tudo
Tá decidido e sustenta
Já chega de covardia
Quero mais democracia
Horror às oligarquias
Isso não nos representa

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Vice-Treco do Sub-troço: Você sabe com quem está falando?

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Vinicius Borba poetiza no programa Põe Azia nisso, TV Web

Num entrevista super descontraída, regada de muita poesia, relendo Gog, Tico, Ferreira Gular e tantos outros Vinicius Borba e Anand Rao trocaram ideia e poesia na 9ªdição do programa Põe Azia Nisso, veiculado pelo Portal Cultura Alternativa. Agitador periférico, Vinicius Borba bateu papo sobre sua construção enquanto poeta e vivente da resistência antifacista no Brasil, falou sobre o momento político e de sua trajetória enquanto artista e pai de família, seus amores e história.

Para Vinicius, sua verve de poeta surge em defesa dos direitos humanos e contra as injustiças sociais, mas segue nesse debate em favor da igualdade de direitos. Questionado sobre suas posições com relação às elites nacionais e a pessoas de outras classes sociais foi enfático ao defender o direitos de todos serem o que quiserem, desde que tenham respeito pelos direitos humanos. Assista ao debate e tire suas próprias conclusões, além e curtir muito da poesia de Vinicius Borba.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Mentira tem perna curta

Por Vinicius Borba
As manifestações do dia 16 de agosto de 2015 tiveram uma ilustração que denuncia a real identidade de grande parte dos odiosos manifestantes travestidos de velhinhas e famílias de propaganda de margarina. A presença das crianças e um suposto clima de ordem não ilustra o real ideário higienista e facista que permeia a construção de extrema-direita destes protestos de natureza explicitamente golpistas.

A Revista Fórum prestou um verdadeiro serviço à Nação ao publicar matéria denunciando algumas das pérolas que demonstram de que é feito o imaginário dessa gente incoerente que supostamente combate a corrupção. ( http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/08/os-dez-cartazes-mais-inacreditaveis-do-1608/ ). Explícitas apologias ao assassinato, à repressão violenta contra a liberdade de ideais no país e opções políticas, além de uma clara demonstração de ignorância de parte das fileiras de torcedores da CBF, digo.., da seleção brasileira, digo.., defensores da pátria contra a corrupção de um único partido.

Estarrecido, li os cartazes que defenderam a volta de Sarney, o magnânimo eterno coronel de cujo coronelato foi defenestrado com seu secto nas últimas eleições, após 50 incansáveis anos de formação da cena que aí está, um verdadeiro arquiteto do "maldito jeitinho" impetrado em nossa política e do modus operandi tão criticado pelos anti-corrupção. Um verdadeiro símbolo.
Inacreditável é a desfaçatez com que alguns, ou muito desinformados ou realmente mal-caráters que permeiam estas mobilizações, construiram a defesa de um dos mais ilustres envolvidos na Operação Lava-Jato, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Antigo mutreteiro-mor das praças de poder cariocas, representante do empresariado e das campanhas milionárias compradas em troca de influência no Congresso Nacional, foi defendido com a declaração de insanidade pública: "Não adianta isolar e calar o Cunha: somos milhões de Cunhas. Chega de Negociatas e corrupção. Impeachment Já", sustentava a faixa, que ninguém teve coragem de apresentar, sendo assim amarrada a um portão qualquer. Um estupro à lógica mínima ou à mínima interpretação das milhares de reportagens que ilustram a trajetória e a construção política de um quase biônico representante do pior da política brasileira. Um tipo sem ideologia, eleito com base em uma suposta religiosidade manipuladora das massas de fiéis incautos, como também da compra de mandatos por parte das elites empresariais da nação, para garantia de emendas parlamentares e enormes licitações que depois reproduzem a corrupção.

Poderíamos até inferir que isso seria obra da própria equipe do mesmo, ou do partido de que se origina. Mas a falta de censura por parte dos "combatentes da corrupção" que frequentaram tal ato já demonstra que não há qualquer forma de coerência que justifique crédito à um tipo de "protesto" como estes.

Não satisfeitos, participantes também defenderam, ou pelo menos se omitiram a censurar e combater, a violência como meio de prática política de repressão, com tortura e assassinato, demonstrando a natureza brutal, agressiva e deletéria para a construção de um país democrático que estas manifestações coxinhas trazem ao Brasil. A defesa explícita de cartazes, como o da senhora de cabelos brancos, questionando "porque Dilma não foi enforcada no DOI-CODI" durante a ditadura ilustra a origem do mal.


Desejar o enforcamento de alguém demonstrou o mais sombrio retrato do facismo semi-integralista que toma as ruas, quase aos gritos de Anauê, num ufanismo falso-moralista, que combate um inimigo único violentamente para destruir quaisquer projetos democráticos e populares de poder. Outra senhorinha, em Belo Horizonte, ostenta cartaz questionando porque não mataram "todos" ainda durante o regime civil-militar. "Todos" provavelmente se refere aos militantes progressistas do Brasil, socialistas democráticos, libertários ou comunistas, e de tantas outras denominações que fujam a seus padrões conservadores de politicagem. Ou seriam aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras como as que marcharam lembrando Margarida Alves na última semana na Esplanada? Ou estariam decretando a morte dos milhares de usuários de Bolsa Família do Brasil que deixaram a fome? Ou seriam os milhares de jovens pobres que alçaram voos nas faculdades federais brasileiras? Ou seria a morte dos jovens negros assassinados diariamente nas favelas brasileiras pela polícia treinada pela Cia? Isso tudo associado a inúmeros pedidos de retorno da ditadura civil-militar.

Realmente a falta de uma Comissão da Verdade imediata, durante o período de redemocratização demonstra agora seus efeitos mais nefastos, com o esquecimento proposital de toda a corrupção que foi sedimentada no país durante os anos do regime.

Mas o que mais deveria chamar atenção dos trabalhadores e trabalhadoras iludidos, que estejam tomando parte nestes atos, é o cartaz que reafirma, num português mal acentuado, a ideia clássica dos liberais e ricos do mundo de que gerenciam governos e Estados pois são os mais capazes. Como se o objetivo não fosse, de forma patrimonialista, manter seus contratos com o próprio governo que gerenciam. E assim enriquecer mais. Dizia o cartaz do senhor que preferiu esconder o rosto, com alguma razão: "Pais sem corrupção é pais onde rico manda, pois rico não precisa roubar". Uma espécie de cinismo mórbido, meritocrático, não sabemos ao certo se por inocência ou estupidez que toma conta de muitos dos participantes destes atos.

Ora, se tal máxima fosse verdadeira, teríamos governos aristocráticos e burgueses puros, de enorme força e pureza moral dos ricos que por 500 anos geriram o Brasil, até 2002. A história demonstra completamente o contrário, desde o assalto ao Banco do Brasil de Dom João, até a venda inexplicável da Vale para uma multinacional a preço de bananas por parte de FHC. Este barato nos saiu caro demais, não só em termos financeiros, mas de soberania em minérios. Como defender o Brasil defendendo teses que entregam nossas riquezas estratégicas a outros países? A isso chamamos entreguismo, prática recorrente de partidos como o PSDB, de Aécio e Serra, que agora tentam entregar nosso petróleo ao capital internacional, enquanto o Pré-Sal bate recordes.

Se a massa de trabalhadores brasileiros não buscasse sua força e o poder, jamais teríamos visto a inclusão de 7 milhões de universitários no país como hoje vemos, com esperança aos milhares. Mesmo com alguma limitação nas vagas do FIES na última etapa, foram milhares de vagas que se abriram, isso é indiscutível. Caso haja dúvidas dêem um Google. Se ainda restar dúvidas, vão às universidades e centros universitários e chequem quantos são @s bolsistas e cotistas incluíd@s, um@ a um@.

Realidade totalmente contrária que demonstra o quanto, nos cargos de poder, os ricos seguiram reinando somente para os seus, séculos afora, até a chegada do tão criticado Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder pelas mãos de Luis Inácio Lula da Silva. Lula e suas gestões foram, inclusive, muitíssimo criticadas, como até hoje o são, pela conciliação de classes, por aceitar gerenciar democraticamente a composição de ministérios com clássicos políticos de origem da elite brasileira. Processo cada vez mais viciado que agora abala o Governo dos próprios trabalhadores. Dúvida eterna, se seria democraticamente possível governar com sucesso para os mais pobres sem a presença dessa mesma burguesia que criou a máquina e seus vícios pela compra de mandatos com o financiamento empresarial de campanhas, fonte original de corrupção, que segue aturdindo a democracia brasileira.

Se não criticam a fonte do mal, não venham exigir de um único partido que seja o perfeito da novela. Enquanto não houver isonomia de condições de disputa não há que se exigir de ninguém essa pureza. Isso é outra falácia desta desonestidade intelectual que ofende ao Brasil como um todo.

Como lembra o ditado, pior cego é o que não quer ver. Problemas no PT ou em quaisquer partidos no atual sistema político brasileiro e corrupções pelo sistema de financiamento empresarial de campanhas seguiremos debatendo, combatendo e corrigindo, isso é democracia. Mas jamais conseguiremos entender um ufanismo cego que exalta os símbolos da corrupção e da tortura, do princípio facista de pureza dos ricos e dos olhos fechados contra o patrimonialismo dessa mesma classe.

Não podemos aceitar o fogo centrado sobre o único Partido que já realizou alguma distribuição de riquezas e poder por meio das oportunidades no país, beneficiando inclusive a essas mesmas classes altas, sem esquecer porém os que mais precisam e as regiões mais afastadas, regionalizando desenvolvimento. Não aceitaremos esse estratagema pelo preço que pagam todos os demais partidos e a própria democracia, que deve ser valor máximo dessa nação como de todas as nações do mundo. Não uma democracia de enfeite, ao sabor das vontades estadunidenses ou de alguma potência hegemônica de plantão, mas da soberania e da autodeterminação dos povos.

A inversão de valores de que essa gente é capaz os coloca cada vez em maior constrangimento. Fato facilmente constatado pelo esvaziamento dos atos públicos realizados. Mentira tem perna curta.

sábado, 16 de maio de 2015

Sidney Cerqueira, pintor guineense de ‘Realismo Espontâneo’expõe suas obras em Brasília

Exposição “Olhares” acontecerá paralelamente na Câmara Legislativa e no SESC Ceilândia
 
A Capital Federal é o próximo destino de Sidney Cerqueira, artista plástico internacional de Guiné-Bissau nascido em Portugal, o único da lusofonia que pinta o estilo “Realismo Espontâneo”. Sua exposição “Olhares” será lançada em dois lugares simultaneamente: na Câmara Legislativa e no SESC Ceilândia, com abertura no dia 19, às 19h, e no dia 20, às 14h, respectivamente. A exposição é fruto de um olhar crítico do artista sobre o mundo ao redor, seus encantos e desencantos, através de vários pares de “olhos” emoldurados por rostos expressivos.
 
Nesta exposição, assim como em todas que o pintor já realizou, há uma combinação de cores, estilo e responsabilidade social. As telas de Sidney Cerqueira são marcadas por cores vivas e um domínio técnico de desenho e combinação de pincéis e espátulas característicos. Além da beleza, sua arte também chama a atenção para questões sociais, como a violência doméstica, abuso de menores, xenofobia, entre outros.

 
É nesta base que, para Sidney, expôr no Brasil é além de um sonho uma missão. Isso porque, ao longo de sua carreira, tem desenvolvido, simultaneamente às suas atividades artísticas, ações sociais através do projeto “Cores da Esperança” – uma iniciativa itinerante por meio da qual o artista, preocupado com a situação da infância no mundo, monta oficinas de pintura para crianças e expõe coletivamente com elas.
 
As obras de arte dos mais novos são trocadas por materiais didáticos que posteriormente são entregues às instituições de acolhimento de crianças em situação de vulnerabilidade social. “O mesmo projeto já foi implementado em Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Portugal e Senegal e agora é a vez no Brasil”, adianta Sidney Cerqueira, visivelmente motivado para a realização do próximo atelier infantil.
 
Sobre Sidney Cerqueira
 
Quase recém-nascido, o artista foi levado para Guiné Bissau, onde viveu durante a infância e parte da juventude. Mudou-se para Portugal aos 20 anos para concluir o Ensino Médio e vive em Lisboa desde o ano 2000. Iniciou suas atividades como artista plástico em 2004 e desde então vem conquistando o mundo com as suas obras de arte.
 
Apesar de se dedicar às artes plásticas, Sidney tem uma base de formação ligada às letras. Vem de uma família de tradição intelectual tanto do lado materno quanto do lado paterno, apreciadores e fazedores de arte, nomeadamente música, quadrinhos, literatura, cinema, teatro, dança, entre outros.
 
Depois de experimentar várias técnicas, que vão desde o carvão ao óleo sobre tela, Sidney é hoje o único artista plástico da lusofonia que faz 'Realismo Espontâneo', estilo criado pelo conceituado artista plástico Voka. Com apenas onze anos nas artes plásticas, Sidney tem uma sólida e reconhecida carreira dividida entre a Europa e a África Ocidental.
 
O artista já realizou cerca de 40 exposições individuais e coletivas, entre as quais destacam-se "Dak'art 2014" no Senegal, Galeria do Teatro Municipal da Guarda em Portugal, e LuxExpo 2014  em Luxemburgo.
 



 
Serviço
 
Exposição "Olhares", de Sidney Cerqueira
 
Câmara Legislativa do Distrito Federal - De 19 a 29 de Maio
Abertura dia 19 de Maio às 19h
Endereço: Praça Municipal, Quadra 2, Lote 5, Edificio 7 – Foyer do Plenário 
 
Centro de Atividades SESC Ceilândia - De 20 a 30 de Maio
Abertura dia 20 de Maio às 14h
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sábado, 14 de março de 2015

Democracia com povo, único caminho

Manifestante da esquerda brasileira. Foto: Vinicius Borba
Por Vinicius Borba, para os #ComunicadoresPeloBrasil

A sexta-feira dia 13 de março de 2015 ficou marcado como um reviver das Diretas, um suspirar da marcha dos 100 mil, um ato de rebeldia contra inimigos ocultos da nação, internos e externos. O ato que envolveu movimentos sociais e sindicais de todo o Brasil, partidos da esquerda brasileira e pessoas comprometidas com a democracia teve grande repercussão, e até alguma isenção nas coberturas da imprensa brasileira, preocupada em reduzir a crise de descrédito e desconfiança que sofrem por sua parcialidade não delcarada, arroubos de desonestidade intelectual associada a políticas partidárias e empresariais de oposição ao atual governo do país.

A quem esteve nas ruas ficou a clara certeza de que não há mais cabimento para golpes ou impeachments meramente políticos, de descontentes com o resultado das urnas. Diferentemente da derrubada orquestrada contra Fernando Collor, Dilma conta com uma base sólida de movimentos e brasileiros de todas as matizes, que se não concordam com tudo que se faça, vide as MP 664 e 665 que deram mote aos atos de sexta, também não topam a derrubada de um projeto democraticamente eleito.

Mas chamou a atenção, no ato em Brasília, onde estive cobrindo, o distanciamento do povo. A Polícia Militar brasiliense, acostumada às manifestações populares naquele recinto, isolou os manifestantes, não permitindo contato mais direto das filas de pessoas que aguardavam ônibus com os manifestantes. Se em parte agiram pela segurança de manifestantes, evitando possíveis ataques de revoltados "out line", ou "off line", como queiram, também demonstraram o certo desconhecimento que aquelas pessoas, trabalhadoras em geral voltando para as periferias,  demonstraram sobre boa parte do que gritavam manifestantes.

"Não vai ter golpe", ou "Olê, olê olá, Dilma, Lula", não são palavras de ordem que expliquem para à população extamante o que existe por trás das máscaras e filtros da grande imprensa. Se a defesa dos direitos trabalhistas era o mote, e ao mesmo tempo a intenção era demonstrar o que realmente pode combater a corrupção, como o fim do financiamento empresarial de campanha, os movimentos devem repensar suas estratégias de comunicação direta, em plenas ruas. Podem acabar por gerar mais revolta e dar armas ao inimigo do que de fato reorientar as revoltas da população, em geral mais despolitizada por um debate raso como o promovido na maior parte das redes sociais e bancadas de âncoras da parcialidade subliminar, não declarada.

Esquerda brasileira em luta na Rodoviária do Plano Piloto
em Brasília. Foto: Vinicius Borba
Demonstração de força foi algo importante. E a força da militância das esquerdas, e novas esquerdas brasileiras, ficou explícita nas ruas, com apoio das maiores centrais sindicais do país, da União nacional dos Estudantes, do Movimento Sem Terra e de forças de comunicação alternativa como os Jornalistas Livres e nós, dos Comunicadores Pelo Brasil. Mas também deu um recado importante à presidenta Dilma: é preciso deixar claro quem está fazendo a pressão que leva Joaquim Levy a lhe empurrar as medidas impopulares que vem por aí, como a derrubada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, sem sequer taxar as grandes fortunas. A ignorância da população, manifesta nos editoriais e redes sociais, empurrada goela abaixo do povo por programas populares de TV, manipulados pelos interesses do grande mercado, segue batendo firme, impondo a agenda dos derrotados na presidência da república. A pouca força que resta à Dilma vem dessa militância do dia 13. Não ouví-la pode ser um erro crasso. Não retomar essa força aglutinada no segundo turno pode ser o golpe em si mesma, afinal. Até porque, se na presidência Dilma levou, no Congresso os interesses empresariais se solidificaram ainda mais. Fazer a vontade deles sem denunciar seus reais absurdos e intentos contra as classes trabalhadoras e periféricas é tudo de que eles precisam para impor suas vontades. E ainda derrubar o projeto que essa mesma massa das ruas desta sexta ajudou a retomar em 26 de outubro, contra toda a máquina midiática e empresarial armada para a derrubada.

Denunciar os pais do golpe e educar a população para a democracia

Interesses de petroleiras norte-americanas, das empresas nacionais como a Ambev, financiadora de estrategias de comunicação de alguns dos movimentos que vão às ruas no domingo (15), e destas elites, que dizem querer combater a corrupção, mas não topam o fim do financiamento privado de campanha, também não podem ser esquecidos. Dar nome aos bois e mostrar a manipulação que grandes empresas e fortunas que não aceitam pagar mais impostos, enquanto as classes trabalhadoras podem perder direitos pode ser crucial para entendermos quem está por trás dessas "revoltinhas on line". manifestações como a de sexta-feira   precisam ir às ruas para mostrar claramente à população quem são os pais desse processo. Mas é preciso fazer muitas outras estratégias de educação popular para que essa democracia seja compreendida. Os anos de despolitização do debate, oferecidos pela imprensa nacional ao povo, só criminalizaram a política e os partidos, somando pouco aos interesses reais que constróem essa democracia. Cabe a esse s movimentos gritar em defesa dos mandatos conquistados, pelo aprofundamento da democracia, mas achar estratégias que ajudem a de fato comunicar a população no corpo a corpo, sobre o que efetivamente esta´acontecendo. Sem isso manifestações como a de sexta podem ficar fadadas ao insucesso, de uma democracia com povo iludido, determinada apenas nos processos eleitorais, e não no dia a dia da nação!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Porque Kátia Abreu é um perigo para a nação ou: A obstinação tecnicista e a educação bancária no campo

Por Vinicius Borba

A presidenta Dilma defendeu o "Brasil, pátria educadora" em seu discurso de posse no dia primeiro. Observamos com cautela o que isso significa, apesar de convictos da importância de se educar muita gente por aí. Mas alguns "expoentes", para bem ou mal do país, já demonstram a que vem. Recém empossada, e evitando tratar de polêmicas como a existência ou não de latifúndios, a nova ministra da Agricultura e Pecuária, Kátia Abreu determinou suas metas de educar para incluir cerca de 800 mil trabalhadores rurais, no que definiu como classe C. "Vamos de porteira em porteira", afirmou. A dúvida é que tipo de educação rural vai levar a essas porteiras na inclusão dessas pessoas. O ódio à esquerda, ao PT e aos povos tradicionais? OU o ranço ruralista e udenista contra as classes trabalhadoras?

— Vamos de porteira em porteira atrás dessas pessoas buscando e levando uma revolução em tecnologia para que eles possam ascender socialmente e ter uma renda mais elevada — disse Kátia Abreu em sua posse no Ministério.



Estou sinceramente curioso e preocupado para saber qual o objetivo da presidenta Dilma ao buscar esse tipo de "apoio" para a gestão do cargo de ministra da Agricultura. Num setor tão estratégico do país ter habituais adversári@s das causas populares dessa natureza como aliados já não é compreensível, quem dirá com as mãos em todo o recurso para promover a Assistência rural técnica tendo como filosofia de base o capitalismo extremado da revolução verde, a transgenia e o agrotóxico como base. Se for por aí, presidenta Dilma, acho que devemos repensar nossa construção de identidade de Partido dos Trabalhadores. O nome começa a ficar de fato incoerente, quando ao fim e ao cabo do processo, a massa atendida avança de classificação em letras mas não é ouvida, preparada para entender as consequências dos próprios atos e essa formação só prepara para reproduzir os cânceres que o sistema agroindustrial brasileiro hoje propaga. Aliás, para a classe trabalhadora depois não há hospitais Albert Einstein. O SUS avançou muito, mas terá que melhorar muito mais para atender a explosão cancerígena que esse tipo de alimento nos traz à mesa todos os dias.

Incentivar com a liderança de alguém que propugna ódios aos povos tradicionalmente habitantes de nossas terras, estimula ainda mais este tipo de ponto de vista. A premiação do ódio, potencializado por Kátia Abreu com cargos do primeiro escalão não pode ser compreendido como algum tipo de concessão ao setor produtivo, se não como um erro crasso. Essa falha estratégica há de custar ainda mais caro às bases de um projeto antes pensado para construção democrática e popular. O Projeto pensado pelo PT incluiu milhões, sim, mas pela forma acrítica como o fez, criou um contingente de combatentes do próprio regime democrático, como se outra solução qualquer fosse de fato viável sem um novo período de trevas. Ditadura que a senhora, presidenta Dilma, a duríssimas penas combateu, e sofreu as consequências destes outros tempos.

É hora de mudarmos essa postura senhora presidenta, seguir com esse despautério pode custar muito, mas muito mais caro às bases populares que a reelegeram, e por consequência tornar inviável o próprio projeto de nação com a classe trabalhadora sendo preparada para entender e se posicionar nesse processo de inclusão. A bancarização da educação, denunciada por Paulo Freire, deve ser lembrada para que, nesse processo de criação de uma Pátria Educadora, não se forme uma massa ainda maior de oprimidos que sonham tornar-se opressores e destruidores do planeta. Sob pena de fortalecermos um desenvolvimento totalmente insustentável, e alinhar a nação brasileira ao péssimo exemplo de grandes países, que de potências tornaram-se vilões mundiais. O genocídio de nossos índios e quilombolas, espalhar agrotóxicos no Brasil (ainda mais) e distribuir a quimioterapia das próprias indústrias que criam o transgênico e o agrotóxico, não nos parece uma grande "revolução em tecnologia" para nossa agricultura e os trabalhadores e trabalhadoras rurais do Brasil. Mas é um verdadeiro crime contra nossa humanidade, deles que produzem e de nós que consumimos e dependemos de seus produtos. A transição de que falamos não é meramente de classe, mas da produção agrotóxica para a agroecológica. O Brasil pode mais. E muito, mas muito melhor.