quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Não me representa, poema do livro Fora da Ordem

Por Vinicius Borba, no livro Fora da Ordem

Não me representa foi o grito
Das ruas de martírios
Sob fogo, bombas, tiros
Una voz a ecoar

Na difícil unidade
Tantas gentes, multidão
Manipulada por maldade
Promoveu a confusão

Elegeu fruto do medo
Um Congresso reação
O mais mais desde os milico
Muito menos representativo

Vou dizer o que eu sinto
O que não me representa
Vou lembrar porque gritei
Em junho de nosso alerta

Não me representa o pastor que guia lobos
Que se diz fiel em Cristo
Endemoniza o inimigo
Mantendo conta na Suiça
Abraçado em traficante
manda expulsar mãe de santo
Lavando dinheiro do dízimo
Manipulando a boa fé,
rasgando o Livro
E destruindo o que restou da política
Não me representa
o coronel falso moralista
Que deixou alta patente
Por ter grupo de extermínio
Por assassinar minha gente
Pelos becos e vielas
Diz que bandido bom,
é bandido morto
Mas quando defende
a indústria da guerra
Que lhe paga palanque e verbas
Nunca fala das seqüelas
Nunca paga o tanto de velas
Acesas por becos e vielas
Pra velar seus concidadãos
Mais de 50 mil irmãos,
todos os anos
Genocídios comandados
Por seus gabinetes Comandos

Não me representa
o gabinete do Doutor
Que aliena minha saúde
Que depois corta
meu plano de morte
Sem pensar em nossa dor
Que precariza o público hospital
E perdoa a baita multa
das empresas no final

Não me representa o sonegador
Que exige Estado Mínimo
E que se fodam
os direitos dignos
Terceirizam,
precarizam o trabalhador
Desde que seu lucro
esteja sempre garantido

Não me representa
o coronel de gravatas
Que deixa as fazendas e vacas
Pra pregar que sua produção salva vidas
Mas por trás
forma milícias
Para matar índio inocente
Persegue como cães os parentes
Pra exportar nossas feridas

Não me representa
esse ódio raivoso
Contra as lutas populares
Que há anos promovem justiça
Por direitos basilares
Renegam as nossas conquistas
Acusam de terroristas
Por termos um ideal
Reclama que paga imposto
Enquanto trabalhador  rói o osso
De seu luxo capital


Não me representa
o jornalista valente
Que ao povo diz que defende
E ao som de gritos fortes
De teatro em frente à câmera
e alguns fricotes
Promover o ódio pretende
Prega alto o olho por olho
E com todo mundo caolho
Exige dente por dente

Essa tal plutocracia
Está mais para inferno astral
Mas já sei o que tem que acabar
Que os liga
e destrói toda gente
É o financiamento empresarial
É o investimento eleitoral
Que compra até o presidente
É pensar que empresa vota
Como se fosse consciente

Empresa que doa
só pensa lucro
Mas pra quem quer
mudar isso tudo
Tá decidido e sustenta
Já chega de covardia
Quero mais democracia
Horror às oligarquias
Isso não nos representa

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