A trupe dos epidemiologistas e cientistas com PhD em tudo que é canto, os verificados do twitter, tá forte na defesa da Anvisa. A agência que interrompeu teste da CoronaVac por causa de um suicídio, que atrasou seu registro até não dar mais, que libera agrotóxico proibido no mundo todo, de repente tornou-se a maior referência de credibilidade, agência ilibada acima do bem e do mal.
Não acho que é o caso de dizer com certeza que a Anvisa mente. Como bem disse um camarada, é possível que uma decisão seja política/ideológica mesmo que embasada em argumentos técnicos e científicos. Ciência não justifica, p.ex., que a visita à Rússia só tenha acontecido depois que o STF estipulou prazo para que a agência respondesse os pedidos de governadores que há meses aguardavam sua resposta, enquanto o Ministério da Saúde atrasa e diminui as expectativas de entregas de vacinas mês a mês em meio à gestão genocida do governo federal. A Anvisa estava trabalhando pelo interesse público neste atraso? Parece prevaricação pura e simples.
A geopolítica das vacinas já não é segredo pra ninguém. Ao menos a luz amarela deveria estar acesa sobre a Anvisa e a Sputnik quando relatórios oficiais dos EUA disseram que o governo estadunidense pressionou com sucesso o governo do Brasil para não comprarem a vacina russa. Outra informação interessante é que no próprio site da Anvisa consta que a vacina da Pfizer, ponta de lança dos EUA, foi aprovada sem 25% dos documentos pedidos, "superados por análise Benefícios x Riscos". Isso em fevereiro. Até hoje não temos nem uma única dose dessa vacina no país.
A representante da Sputnik, em nota oficial, rebateu vários pontos do parecer técnico da Anvisa. No twitter, convidou a agência para um "debate público" no Congresso. Uma situação inédita. É no mínimo curioso que a resposta tenha sido tão dura. De duas, uma: ou a Anvisa comprou uma briga da qual sairá como uma das agências regulatórias mais respeitadas do mundo por desmascarar um lobby criminoso que já exporta para 62 países uma vacina insegura, ou o governo Bolsonaro jogou no lixo a credibilidade de nossa agência.
Aqueles que juram que a ciência está acima da política, que acham que 'não se deve politizar a pandemia', que 'ser a favor da ciência' basta, pra manter a coerência, vão precisar defender a Anvisa. Inclusive põem em dúvida a Sputnik desde que foi anunciada, em agosto do ano passado. As opiniões sobre essa vacina são eivadas de xenofobia desde que Putin, esse maluco alucinado e assassino, informou que a Rússia, com mais de século de tradição em defesa biológica, tinha aprovado a primeira vacina contra a covid.
Novamente reforço, me reservo a posição de não decidir agora se a Anvisa mente ou não. Hoje, mais 3 mil pessoas morreram no genocídio de Bolsonaro e a minha preocupação primeira é com vacinas que possam salvar vidas. Que os PhD mergulhem de cabeça no que acreditam, não há novidade alguma. Espero que aqueles que sabem até onde vai ideologia e política - a todo lugar - ao menos mantenham-se céticos em momento histórico tão delicado. Aguardem os próximos movimentos. Algo não cheira bem.
Gustavo Figueiredo
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